Instituições Reconhecidas

Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção Rio de Janeiro
Circulo de Psicanálise do Rio de Janeiro

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Histórico
Em 1938 a Aústria, até então república independente, foi anexada pela Alemanha do Terceiro Reich. Seguiram-se duras perseguições aos judeus, entre os quais Sigmund Freud (foto), cuja obra já havia sido queimada em praça pública pelos Nazistas. Aos poucos, desde a conquista do poder pelo Nazismo em 1933 os psicanalistas, em sua maior parte de origem judaica, vinham emigrando da Alemanha e também da Áustria, que tudo indicava cedo ou tarde seria anexada à Alemanha. Freud teimara permanecer em Viena e foi somente em 1938, após a anexação da Áustria e ter sido sua filha Ana provisoriamente presa pela Gestapo, que o criador da psicanálise partiu com sua família e vários colaboradores para o exílio em Londres.

Foi ao amparo dessas perseguições que ocorreu, alguns anos mais tarde, a fundação em Viena de uma nova sociedade psicanalítica, pelo Dr. Igor Caruso.
Em Viena, nesse período, só havia ficado um colaborador próximo de Freud: August Aichhorn, pedagogo genial e o primeiro a aplicar os princípios da psicanálise na reeducação e na psicoterapia de menores infratores (...), e foi através dele e de alguns amigos e colaboradores seus que se manteve viva a chama da psicanálise, ainda que sob uma espécie de hibernação, nesta cidade.

O Dr. Igor Caruso (foto), pertencente a uma família italiana que emigrara para a Rússia e depois para a Áustria, iniciou sua análise com Aichhorn em 1943 e em 1944 passou a se analisar com Viktor von Gebsattel, nome muito conhecido na história da psiquiatria e da psicanálise, até 1945. Aichorn e Gebsattel, por sua vez, tinham sido pacientes de Paul Federn, da primeira geração de psicanalistas que surgira a partir de Freud e famoso por suas iniciativas e escritos pioneiros sobre o tratamento de psicóticos. Por sua vez Gebsattel, colaborador e membro participante do grupo de estudos de Freud em 1912-1913, também se analisara com Otto Seif, um antigo discípulo de Jung que se recusou a tormar partido quando da ruptura deste com Freud. A figura de Igor Caruso, escritor de uma notável série de livros, traduzidos e publicados inclusive no Brasil está diretamente ligada ao resurgimento da psicanálise na Áutria. Ele pautava-se por uma orientação teórica eclética, que buscava conciliar a psicanálise com outras correntes de pensamento e com a religião cristã. Foi natural assim que, quando criou em 1947 o Círculo Vienense de Psicologia Profunda, abrigasse pessoas de variados matizes intelectuais e religiosos.

Na ebulição do período pós-guerra, as diretrizes de crítica radical a qualquer ortodoxia ou dogmatismo transformaram o Círculo em um centro de variada riqueza de estudos, onde psicanálise, psicologia analítica e existencial, ecumenismo, psicologia genética, etologia, antropologia, filosofia, etc. são abordados de forma sistemática e ampla, atraindo a atenção e a participação, em maior ou menor grau de celebridades como Konrad Lorenz, Jean Piaget, J. Nuttin, E. Bohn, J. Lacan, entre outros. Nessas circunstâncias, os pensadores da Escola de Frankfurt começaram a ser estudados (Adorno, Horkheimer, E. Fromm); mais tarde Herbert Marcuse, Ernest Bloch, Norman Brown, Jean Paul Sartre, o que leva Caruso a defrontar-se com os textos de Marx, Engels, Lukács, Reich, Gabel, Gorz e outros marxistas. O reflexo desta riqueza de counteúdos incorporados vai se manifestando na extensa obra escrita de Caruso, que nas décadas seguintes abandonou paulatinamente a atitude de um eclético humanismo cristão, fazendo-se progressivamente mais próximo ao materialismo dialético e, tanto na clínica quanto em sua proposta didática, ater-se mais aos trabalhos de Freud.

Quando em setembro de 1966, 74 delegados de dez Círculos e grupos de estudo se reuniram em Innsbruck e fundaram a Federação Internacional de Círculos de Psicologia Profunda, Caruso propôs o que seria o "mínimo divisor comum": técnica psicanalítica clássica (freudiana) e abertura a todas questões sociais. Além do intenso trabalho clínico e de difusão das idéias de Freud que desenvolveu em Viena, Igor Caruso também difundiu a psicanálise pelo continente Íbero-Americano.

Além de ter participado na fundação do Círculo Brasileiro de Psicologia Profunda, Caruso participou na criação de instituições psicanalíticas na Colombia, México e Argentina.

O Círculo Brasileiro de Psicanálise (CBP) foi fundado em Pelotas, Rio Grande do Sul a 26 de Setembro de 1956, a partir da iniciativa do Dr. Malomar Edelweiss, juntamente com Francisco Vidal, Gerda Kronfeld e Sigfried Kronfeld. Graças ao seu interesse pelo fenômenos psicológicos, Edelweiss mantivera contatos com o psicanalista húngaro-argentino Bela Székely, de quem recebera informações sobre Caruso, que o levaram a Viena, onde fizera sua análise com o próprio Caruso.

Em entrevista realizada por ocasião do VIII Congresso do CBP e I Fórum de Psicanálise, ocorrido em Belo Horizonte em 1990, o Dr. Malomar Edelwieiss contou que
Em 1956 eu era Diretor da Faculdade de Filosofia de Pelotas, não havia Universidade ainda, e aí convidei Caruso para ir ao Rio Grande do Sul e conseguimos que ele fosse tanto a Pelotas, quanto a Porto Alegre, pela PUC de Porto Alegre e a São Paulo, pelo Instituto de Psicologia da PUC de São Paulo.(...) Eu tinha voltado de Viena e consegui fazer também, nessa época, a fundação do Instituto de Psicologia, anexo à Faculdade Católica de Filosofia de Pelotas.

Desde então Igor Caruso retornou ao Brasil vária vezes nas décadas seguintes. A atividade pioneira iniciada no Rio Grande do Sul frutificou-se em vários outros estados da União. Em 1970 o Círculo Brasileiro de Psicologia Profunda passou a ser membro da Federação Internacional de Sociedades Psicanalíticas, com sede em Viena. No ano seguinte o CBPP teve seu nome mudado para Círculo Brasileiro de Psicanálise e todas as suas sociedades integrantes adotaram, daí em diante, a denominação de Círculo Psicanalítico acrescido do nome do estado em que suas atividades eram desenvolvidas. Além dos já existentes, ao longo dos anos seguiu-se a criação de novas sociedades psicanalíticas, abrangendo vários estados: Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba.
O movimento que deu origem ao Círculo Brasileiro de Psicanálise em sua seção do Rio de Janerio iniciou-se em 1969 quando foi fundado o Instituto Brasileiro de Psicanálise por: Roberto de Souza Bittencourt, José Jorge de Souza Santos, Carlos Mauro Ferreira Bianchi, Edson Soares Lannes, Henrique Baez, Paulo Torres e Damarina da Silva. Esta instituição se vinculou ao Círculo Brasileiro de Psicologia Profunda, que já congregava o Círculo Psicanalítico do Rio Grande do Sul e o Círculo Mineiro de Psicologia Profunda. Um ano depois o Instituto teve seu nome mudado para Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro.

Em 1978, em decorrência de discordâncias insanáveis quanto aos rumos ideológicos abraçados pela instituição da qual foram co-fundadores, Roberto de Souza Bittencourt e Carlos Mauro Ferreira Bianchi, acompanhados por Sergio Luiz Figueira de Lacerda, se desligaram do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro e solicitaram ao CBP, merecendo o apoio de seu Presidente, Antonio Franco Ribeiro da Silva e do Presidente do Círculo Psicanalítico da Bahia, Carlos Pinto Corrêa, a criação de um Grupo de Estudos, célula inicial, com vistas a constituição de outra sociedade psicanalítica. Aceita a proposta, durante dois anos esteve o Grupo de Estudos vinculado ao Círculo Psicanalítico da Bahia, num estágio probatório, conforme determinava o estatuto do CBP. Em 1980, o Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro desligou-se do CBP e obteve filiação a IFPS (Intenational Federation of Psychoanalytical Societies).

Dois anos após o Grupo de Estudos foi autorizado a estruturar-se como sociedade psicanalítica independente filiada ao Círculo Brasileiro de Psicanálise e, através deste, à Federação Internacional de Sociedades Psicanalíticas. Constituiu-se assim, em Julho de 1980, o Círculo Brasileiro de Psicanálise - Seção Rio de Janeiro, que teve como data oficial de sua fundação a posse da primeira Diretoria, ocorrida a 19 de Março de 1981. Como primeiro Presidente do CBP-RJ foi eleito o Dr. Roberto de Souza Bittencourt, médico e professor universitário que se destacou no Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do qual foi Diretor, e eleito Vice-Presidente o Dr. Carlos Mauro Ferreira Bianchi.

 

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